Durante uma hora e meia, sete actores, com António Durães dando voz ao "galo", movimentam-se numa gaiola em madeira montada em palco, acompanhados de uma banda de cinco músicos dirigidos pelo teclista Manuel Paulo.
"A Missa do Galo segue livremente a estrutura dramática e litúrgica duma missa católica romana e inspira-se nas velhas missas do galo transmontanas, com desgarradas assentes em motes do Evangelho", explicam os responsáveis.
Os autores garantem que "o galo desta missa é o Homem que ascendeu ao poleiro da ciência e da tecnologia e que, perante o espelho da sua admirável prosperidade, tem um assomo de melancolia ao perceber que, apesar de ter tudo, continua a padecer da inveja, mesquinhez e ganância".
A directora artística do Constantino Nery e encenadora de Missa do Galo, Luísa Pinto, explica que o espectáculo "é uma missa sobre a humanidade e a sociedade de consumo".
Carlos Tê socorreu-se de algumas personagens bíblicas, como Lázaro e Job, para melhor passar a mensagem desta missa, em que se procura mostrar como o Homem parece não aprender com as lições do passado, pois, como nota um personagem, "a história repete os ciclos de iniquidade".
Há referências ao Vietname, Gaza, Balcãs e Ruanda.
Carlos Tê concorda que Missa do Galo tem uma componente"pessimista" sobre o homem, a sociedade e os seus erros, mas também sublinha que há nela uma "nota redentora", muito embora não saiba "qual delas prevalece sobre a outra".
Com Missa do Galo, o letrista e poeta Carlos Tê "sobe" ao Constantino Nery um ano depois de ali ter sido exibida a comédia musical Amor Solúvel, de sua autoria.
As 18 canções de Missa do Galo poderão transformar-se num trabalho discográfico, adianta Manuel Paulo, sublinhando ser essa a sua "vontade".
Missa do Galo poderá ser vista de quarta a sábado, às 21:30, e ao domingo, às 16h00, até dia 27.
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