Ontem assistimos a uma dramática tentativa presidencial de disfarçar um enorme flop político com um embuste, nem sabemos se ingénuo, se desesperado.
De facto, o Presidente da República, sentindo pulsar em si ímpetos de candidato, resolveu fazer um número com o Conselho de Estado, desde logo inquinado por ter suscitado uma estranha ambiguidade: estávamos perante uma sede de aconselhamento por parte de Cavaco que seria satisfeita por tão circunspecto órgão ou perante uma grosseira tentativa de pressão política, mesmo que de generosos objectivos?
Se estávamos perante um pedido de conselho, qual era ele? Se estávamos perante uma tentativa de pressão, em que preceito constitucional se outorga ao Conselho de Estado uma tal competência, uma tal legitimidade?
Mas tudo isto se esvaziou como um balão furado, quando, ainda em plena reunião do Conselho de Estado, foi difundido por uma estação televisiva que o Governo e o PSD tinham chegado a acordo para a viabilização do orçamento. E em vez de engolir civilizadamente o flop, congratulando-se com o êxito das conversações, o Presidente, certamente impelido pela sua costela de candidato já declarado, fingiu que ainda não havia qualquer acordo quanto ao orçamento e apelou num palavreado entaramelado para que governo e PSD chegassem a um acordo até quarta-feira, quando não podia ignorar que esse acordo já fora alcançado.
Enfim, uma reunião de legitimidade duvidosa transformada num flop político, que se tentou disfarçar através de um embuste, desesperadamente destinado a transformar numa grande vitória aquilo que afinal não passou de uma enorme escorregadela.
De facto, o Presidente da República, sentindo pulsar em si ímpetos de candidato, resolveu fazer um número com o Conselho de Estado, desde logo inquinado por ter suscitado uma estranha ambiguidade: estávamos perante uma sede de aconselhamento por parte de Cavaco que seria satisfeita por tão circunspecto órgão ou perante uma grosseira tentativa de pressão política, mesmo que de generosos objectivos?
Se estávamos perante um pedido de conselho, qual era ele? Se estávamos perante uma tentativa de pressão, em que preceito constitucional se outorga ao Conselho de Estado uma tal competência, uma tal legitimidade?
Mas tudo isto se esvaziou como um balão furado, quando, ainda em plena reunião do Conselho de Estado, foi difundido por uma estação televisiva que o Governo e o PSD tinham chegado a acordo para a viabilização do orçamento. E em vez de engolir civilizadamente o flop, congratulando-se com o êxito das conversações, o Presidente, certamente impelido pela sua costela de candidato já declarado, fingiu que ainda não havia qualquer acordo quanto ao orçamento e apelou num palavreado entaramelado para que governo e PSD chegassem a um acordo até quarta-feira, quando não podia ignorar que esse acordo já fora alcançado.
Enfim, uma reunião de legitimidade duvidosa transformada num flop político, que se tentou disfarçar através de um embuste, desesperadamente destinado a transformar numa grande vitória aquilo que afinal não passou de uma enorme escorregadela.