Na última campanha eleitoral para as presidenciais, apoiei de forma empenhada a candidatura de Mário Soares. Sabia, que apesar de todo o prestigio que granjeou, no exercício dos seus 2 mandatos, seria uma tarefa difícil elege-lo novamente, como Presidente. O aparecimento e multiplicação de candidaturas, à esquerda, e com a candidatura de Alegre a concorrer no mesmo espaço politico, antevia-se que as coisas não seriam fáceis para Mário Soares. O resultado do desvario das esquerdas, é conhecido. Cavaco Silva, foi eleito presidente, se bem que pela menor margem alguma vez obtida em eleições presidenciais. Nessa altura, não deixei de considerar que o comportamento de Manuel Alegre, não foi o mais correcto para com o Partido que sempre foi o seu, após o 25 de Abril de 1974.
Entretanto passaram-se 4 anos, e as próximas presidenciais estão à porta. Depois de discutido e votado o orçamento, depois de conhecido o PEC, do nosso descontentamento, agora que Cavaco, pode dissolver a Assembleia, tentação que lhe deve andar na alma, o assunto da politica doméstica será a eleição presidencial de 2011.
Considero que Cavaco Silva, nestes anos, foi o presidente que mais desprestigiou o cargo de Supremo Magistrado da Nação. Os factos, falam por si e são factor da maior relevância na análise desta presidência. O pontapé de saída foi a sua visita à Madeira, onde se deixou manietar pelo senhor local, quando este, impedindo que se realizasse uma cerimónia na Assembleia Legislativa local, silenciou deste modo a oposição. Com o seu comportamento, por omissão, o Presidente, pactuou com mais uma afirmação de poder omnipresente do senhor da Madeira. Passamos depois, pelo Agosto escaldante das “escutas a Belém”, onde
se atingiu o grau zero da politica portuguesa. A declaração do Presidente à Nação, sobre o assunto, assumiu
contornos de patético e ridículo. Agora, como convidado do Presidente Checo, deixou que este insultasse a
Nação Lusa, com os seus desvarios ultra-liberais. Noutros tempos, com outros Presidentes, Mário Soares ou Ramalho Eanes, o senhor Klaus teria a resposta à altura. Enfim, Cavaco como ele sempre foi.
Aqui chegados, e na presença de um candidato, que vem do mesmo partido, que é o meu, que fazer? Deverão multiplicar-se, novamente, as candidaturas à esquerda? permitindo que a direita e extrema direita, unidas em torno de Cavaco, que parte em vantagem, liderem a campanha eleitoral, mostrando que a esquerda já não é capaz de se unir num propósito tão importante como a eleição de um Presidente, como foi no passado com Eanes, Soares e Sampaio?
Apesar de no passado recente ter sido um severo critico de Manuel Alegre, o futuro é que importa. E o futuro está já aí. Manuel Alegre é o candidato abrangente de toda a esquerda? Só não o será, se não quisermos que o seja. O que será mais importante? mais 5 anos de desprestigio da função presidencial, que tudo indica, se sair vitoriosa, será tentada ao golpismo constitucional, os sinais são por demais evidentes, ou queremos alguém que ocupe a Presidência, com um perfil Humanista, que conhece o valor da Liberdade, Igualdade e Fraternidade. Um Homem da cultura, no lugar de um vulgar tecnocrata.
É a única candidatura que pode unir as esquerdas, para além de ser a melhor que o Partido Socialista pode apresentar. Para os socialistas só há uma alternativa e ela é a eleição de Manuel Alegre. É uma missão difícil mas não impossível. Face a isto, e porque não sou daqueles que ficam à espera para ver para que lado correm os ventos, apoiarei a candidatura de Manuel Alegre à Presidência da Republica e trabalharei para o seu sucesso, se para isso solicitarem a minha modesta colaboração.
Carlos Alberto Ferreira
Secretário-Coordenador PS Guifões.
Artigo publicado no Jornal de Matosinhos de 23.04.2010
2 comentários:
Olá camarada.
Espero que não faças como com o decorrer das autárquicas, que estavas a favor de uma coisa, e depois passas-te, a estar com outro comportamento, isto em relação à Srª. da Hora. Desta vez conto contigo, mesmo que o partido não esteja conosco.
Um abraço,
J F
Olá camarada JF(?)
Antes das autarquicas, quando se colocou a questão da avocação do processo da Srª da Hora, tive uma posição diferente da maioria da CPC. Tive e tenho. Não concordei com os argumentos de avocação, e continuo a não concordar com eles. No entanto, colocada a questão à votação e tendo-se pronunciado a maioria da CPC pela proposta do seu Presidente, respeitei a vontade da maioria. Pena que os principais interessados no assunto, nem sequer lá tenham colocado os pés, para defenderem a sua posição.
Carlos Alberto
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