Camarada R, temos que lhe deixar aqui a devida homenagem: soube chamar os nomes às coisas e num momento de grande ilustração soube recordar-nos que os povos nunca passam anónimos na História.
Corria o ano de 1945 e a Argentina conhecia grandes convulsões sociais. A 17 de Outubro, centenas de apoiantes de Juan Peron – naquele momento aliado dos sindicalistas e trabalhadores – reuniram-se na praça de Maio, frente à Casa Rosada pedindo a libertação de Peron e de outros activistas. Era um dia de calor e para se refrescarem banhavam os pés na fonte da praça e despiam as camisas. A direita designou-os de “descamisados”: tão pobres que nem uma camisa eram capazes de comprar… Rapidamente o termo foi assumido como uma expressão de orgulho.
Hoje ser um “descamisado” é ostentar o trabalho e a condição de trabalhador como fonte de orgulho e dignidade pessoal.
Camarada R., quando nos apelida de “descamisados” enche-nos de orgulho. Ser “descamisado” hoje é uma forma de honrar os que, generosamente, lutaram pela liberdade e dignidade dos trabalhadores e solidariamente, não arredaram pé perante a necessidade da libertação do seu líder. Mas também é honrar a alma dos “sans culotes” franceses que incorporaram a revolução de 1789 a 1799… Ou o movimento dos “descamisados” ou “sem terra”de Lula no Brasil… A História está cheia de momentos em que o povo dedicou-se generosamente a uma causa e decidiu o seu destino.
Estes “descamisados” farão jus ao seu nome: no dia 9 não arredaremos pé desta ambição de trazer o PS, firmemente, para junto dos interesses dos trabalhadores, dos democratas, dos cidadãos, de todos aqueles que “descamisados” vestem o sonho da República e da Democracia.
Paulo del Pino Fernandes
1 comentário:
Como também sou um "descamisado" "roubei" este post para o nosso blogue. Muito Obrigado.
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