sábado, 18 de dezembro de 2010

Municipalizações

Muito se tem ouvido por estes dias em Matosinhos sobre a municipalização do estádio do Mar e do Leça F.C.
Há muitos anos que são conhecidas as dificuldades financeiras destas duas colectividades.
Não pretendo aqui aprofundar os motivos que despoletaram tão graves crises financeiras, mas todos estarão recordados que o Leixões após ter estado na 1a divisão em 1989 ( e em que ficou no penúltimo lugar de um campeonato com 20 equipas), foi descendendo até à 2a divisão B e foi acumulando prejuízos, dívidas e muitos erros directivos. O caso do Leça é tão mais grave porque a despromoção deste clube da 1a divisão em 1998 para os escalões secundários deveu-se ao famoso caso Guímaro( tendo ficado provado em tribunal que o Manecas pagou 500 contos ao arbitro de Coimbra).
A municipalização destes dois estádios, com o objectivo claro de injectar dinheiro fresco nos depauperados cofres suscita-me muitas dúvidas:
- O valor que vai ser pago pelos recintos é baseado em que tipo de calculo?
- Qual o valor necessário para  a manutenção anual destes dois recintos?
- Que valores vão ser cobrados aos clubes, que deixam de ser os titulares dos espaços, para poderem continuar a utiliza-los?
Facilmente me apercebo que alem da injecção de capital imediato estas duas edilidades deixam de ter de se preocupar com os custos de manutenção dos recintos. Quantos milhares de euros terão de ser orçamentados para custear tais manutenções?
O cálculo para a aquisição dos espaços será feito baseado em que tipo de cálculo? Como se pode avaliar o valor real de um estádio? Sinceramente não sei como tal calculo se efectua, de forma justa para ambas as partes. Ou será que o valor justo é a dívida existente?...
A partir do momento que estes clubes deixam de ter os recintos  terão de os alugar. Qual a renda de utilização? Como serão calculados os valores pela edilidade ao Leixões e ao Leça sempre que necessitem de utilizar esses espaços? Os valores cobrados garantirão ao final do ano as despesas gerados pelos espaços? Manutenção, água, luz, gaz, funcionários,...
Matosinhos tem actualmente quase 170.000 habitantes e nem 10% estão ligados aos clubes em causa. Será correcto utilizar tamanha verbas, pagas por todos, para manter tais agremiações que não tem demonstrado capacidade de sobreviver sozinhas?
Como explicar que a CMM tem milhões para comprar estádios mas não tem capacidade para asfaltar as ruas, arranjar os passeios ou recuperar escolas primárias?
Espantado estou tambem com as forças politicas concelhias.  Pesquisei mas não encontrei qualquer comentário oficial sobre a matéria por parte dos Partidos à esquerda do PS
 Narciso Miranda critica a municipalização mas foi o impulsionador da CMM ter entrado na SAD Leixonense e PSD  defende um referendo local...
Referendo local? Pois bem. Também sou contra um referendo local. Pelos custos associados ao mesmo e por sabermos que os resultados só poderão ser considerados se pelo menos 50% da população recenseada em Matosinhos for votar. Sinceramente alguém acredita que a população se vai mobilizar para tal acto eleitoral? E não podemos menosprezar os custos de tal acto.
Os clubes tem de conseguir saber viver com as suas receitas e saber adequar-se aos tempos. Se não conseguirem então o destino deles deve ser igual às empresas que fecham portas por falta de capacidade competitiva.

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